quinta-feira, 17 de junho de 2010

O velho moço

Estava ainda um tanto frio. Metrô verde, pessoas cabisbaixas.
‘Posso sentar ao lado de uma menina bonita?’, ele me perguntou. ‘Sim, por favor’, eu respondi. Era um velhinho, bem arrumado e super simpático, daqueles raros de se achar.
Disse-me uma coisa que eu já havia pensado uma porção de vezes: ‘você já percebeu como as pessoas no metrô, ônibus, elevador, ou onde quer que seja, se não conhecem ninguém, olham para baixo, como se olhar ou puxar assunto com outras pessoas fosse algo de outro mundo? São tantas histórias pra escutar, tantas coisas para aprender, e as pessoas escolhem simplesmente olhar para o chão, mexer no celular, escutar seu mp3... Até os bichos irracionais se relacionam de alguma forma, nós que somos racionais, não?
Já pensou em quantas vidas passam por você por dia, quantos choros, alegrias, pessoas que vem, vão, ficam?
Começamos a conversar sobre comunicação social, quem diria, o velho era um jornalista formado pela Casper, com mais de 50 anos de carreira, ele deveria ter lá seus 80 e poucos anos.
Além de jornalista, poeta. Textos falando de vida e de Deus. Em agosto publica um livro: ‘Vida sob pressão’, sua autobiografia e crônicas.
Como um homem, com aquela idade, pode ser tão racional? Pode perceber o que está acontecendo com as pessoas, cada vez mais distantes, cada vez mais ausentes?
Isso fez com que eu percebesse o quanto estou só, mesmo rodiada por pessoas, tristes, olhando para o chão, sem nada a dizer.
Ele me disse para eu escrever, escrever... mesmo que seja pouco, mesmo que seja banal. A gente se descobre nas histórias.
Por um momento me senti alegre, pois qualquer história que eu contasse naquele momento, seja ela interessante ou idiota, seria ouvida por ele.
O nome dele é José Leitão. Espero ler um dia o livro por ele publicado.
Ele desceu na Luz, e foi descobrir a quem mais não deixar com os olhos no chão.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Ainda to tentando achar aonde foi parar a minha calma.
Esse negócio de ficar esperando já não é mais comigo... eu quero aprender voar.
Mas onde tá o destino? A parte boa do troço ruim? Os caminhos que se cruzam? As risadas por coisas tolas?
É assim, as coisas tem que acabar pra recomeçar o começo de um novo fim, será que dá pra enfiar na cabeça essa loucura toda?
Vou beijar a vida, mesmo não entendendo nada. Aceitar o destino, mas que destino é esse que muda do quente pro frio, do frio pro quente e ainda sim continua a mesma coisa? Destino é o nome dessa bagaça mesmo?
Já não há em que se acreditar, apostar, e sem entender o porquê a gente ainda vai em frente.
Eu preciso de um esconderijo, abrigo, refúgio, pra fugir e morar pra sempre lá. Por que isso se torna tão evidente em uma pessoa?